Discrepâncias nas informações sobre covid-19

Investigadores em Portugal detetaram erros e discrepâncias nas informações sobre covid-19 após análise a bases de dados da Organização Mundial da Saúde, do Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças e do Centro Chinês para o Controlo e Prevenção, de acordo com o Jornal Público.
Se precisarmos de consultar os dados sobre o número de mortes por covid-19 num determinado dia e país e se procurarmos este valor nas bases de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) e do Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças, o desejável é que se encontre o mesmo valor nas diferentes entidades consultadas, certo? É o desejável, mas pode não ser o que realmente acontece. Dois investigadores do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação, da Universidade Nova de Lisboa, “varreram” os registos com a ajuda de novas ferramentas tecnológicas e detetaram “fortes discrepâncias”.
Jorge Bravo e Afshin Ashofteh são os autores do artigo publicado na revista Statistical Journal, da Associação Internacional de Estatística Ofif cial (IAOS, na sigla em inglês), com o título “Um estudo sobre a qualidade das bases de dados do novo coronavírus”. E, ao que tudo indica, a qualidade das bases de dados deixa algo a desejar. Nalguns casos há margens de erro superiores a 40%, noutros há valores negativos impossíveis e em muitos há discrepâncias óbvias.
Se os dados de base não estiverem corretos ou tiverem problemas de desfasamento temporal ou valores absurdos, como casos negativos, todas as projeções e resultados de modelos vão estar enviesados
Os dados pessoais recolhidos pelo responsável pelo tratamento de dados, que neste caso estão anonimizados para divulgação ao público, mas não se encontram anonimizados em termos de tratamento de dados da OMS, têm que ser exatos e atualizados sempre que necessário, devem ser adotadas todas as medidas adequadas para que os dados inexatos, tendo em conta as finalidades para que são tratados, sejam apagados ou retificados sem demora.
Se por um lado devemos minimizar quer a recolha de dados quer o tratamento de dados efetuados, por outro lado temos que garantir que os dados recolhidos e tratados estão corretos, atualizados e exatos. Para cumprir com esta premissa temos que efetuar tratamento de dados frequente para aferir se os dados estão corretos, para recolher as respetivas atualizações e validações, e temos que corrigir os dados que temos.
De acordo com a definição de violação de dados que está presente no RGPD – Regulamento Geral de proteção de Dados – este caso configura uma violação de dados.